O sabor de Victoria
No último artigo falamos sobre enoturismo na região de Margaret River na Austrália, hoje iremos falar um pouco sobre a mais antiga região vinícola: Victória e sobre o sabor da Shiraz Australiana.
Que tal conhecer também sobre Margaret River a Bordeaux Australiana?
Victoria é uma região com grande destaque no universo do vinho e no próprio país, pois produz aproximadamente 25% da produção total de toda a Austrália. Alguns dos vinhos mais particulares do país vem da região de Victoria, eles possuem estilos que nenhum outro país do mundo produz. São eles os escuros, inebriantes, doces, Muscats e Muscadelles fortificados de Victoria (conhecidos como Tokays). Seus sabores não são parecidos com o do Porto, embora vinhos nesse estilo e no do xerez, sejam produzidos também na região.
Os vinhedos mais antigos foram plantados em Victoria, no começo da grande corrida do ouro no ano de 1850, porém a chegada do pulgão filoxera via Geelong destruiu vários dos estabelecimentos. E somente no final do ano de 1860 que a confiança voltou.
Como na maioria dos estados vitivinicultores da Austrália, Shiraz e Chardonnay dominam os vinhedos que se estendem do Rio Murray até a Oceania ao Sul. Ainda assim, alguns estilos são típicos de Victoria: o Shiraz apimentado de Pyrenees, o Pinot Noir calcado na fruta da Península de Mornington, o elegante Chardonnay do Vale do Yarra, o Shiraz espumante de Grampians e o Marsanne com sabor de madressilva do Vale do Goulburn. Há também os vinhos fortificados do nordeste: os Tokays de padrão mundial podem atingir o suprassumo em intensidade e concentração, e são merecidamente considerados tesouros nacionais.
Ao sul de Victoria fica o menor estado vitivinicultor do país: a Tasmânia. A indústria vinícola da ilha começou nos anos 50, quando o francês Jean Miguet plantou vinhas no norte e o ítalo-australiano Cláudio Alcorso montou um empreendimento no sul. Durante anos enfrentaram o frio sozinhos, até que mais pioneiros a eles se unissem, como o dr. Pirie, da Pipers Brook, em 1974. Quatro cepas respondem por 87% da produção do estado: Chardonnay, Pinot Noir. Riesling e Sauvignon Blanc. A adequação da região a espumantes de alto nível só foi descoberta há 25 anos.
Áreas vinícolas de Victoria e Tasmânia
Noroeste de Victoria
O Noroeste é um dos grandes motores da vinicultura australiana. Vinícolas do tamanho de pequenas cidades dominam a paisagem plana, com milhares de hectares de vinhedos que vicejam ao calor da região. A irrigação, essencial nessa área, é cortesia do rio Murray.
Grandes produtores como o Grupo Foster e a Constellation Wines Australia têm ali instalações envolvidadas na produção de vinhos baratos, vendidos em embalagens ou garrafas bem-humoradas. Nos anos 70, a maioria dessas misturas era de Sultana e Muscat de Alexandria. Hoje, em geral são Chardonnay, Sémillon, Shiraz, Colombard e Cabernet Sauvignon. Safras altas, água com fartura e muito sol originam vinhos grandes, saborosos e acessíveis, que têm liderado a invasão australiana em outros continentes.
Grampians
Essa área tem poucos viticultores para os padrões do país, mas produz o grande volume de 5000 toneladas de uva por safra. Com relação aos vinhos, mostra que tamanho não é documento: a Seppelt Great Western, parte do vasto grupo Southcorp, montou ali uma grande instalação em que mistura e amadurece todos os espumantes do grupo. Com exceção da Seppelt, os produtores são pequenos.
A área ainda faz um Shiraz espumante muito vivo, com uvas supermaduras, e um Shiraz convencional, um gigante manso de médio corpo cuja intensidade na taça surpreende.
Pyrenees
Essa área abriga os recantos calmos de Moonambel e Avoca, mas seus tintos robustos não tem nada de calmos. O Shiraz de Pyrenees é forte e mentolado, de perfume condimentado. A Cabernet Sauvignon é sua irmã mais nova, mas, assim como a Shiraz, tem bom potencial de envelhecimento. A região levou 40 anos para achar seus pontos fortes. Na década de 60 foi fundada ali a primeira vinícola australiana moderna, o Château Rémy, para a produção de aguardente com apoio da gigante Rémy Martin.
Quando a aguardente perdeu mercado, investiu-se nos vinhos convencionais e espumantes, para os quais foram exploradas as encostas mais frias. De textura rica, o Chardonnay fica melhor como não espumante e tem conquistado espaço. Há também um estilo mais cheio, de Sauvignon Blanc.
Vale do Yarra
A história moderna do Vale do Yarra tem início na década de 60, com o renascimento das vinícolas de St Hubert’s e Yeringberg, bem-sucedidas graças à sua enorme capacidade de fazer vinhos de qualidade de Pinot Noir, Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Shiraz – um ótimo espumante.
Só é possível produzir ali tamanha gama por ser área fria – mais do que Bourdeaux, porém menos do que Borgonha – com diversos climas sub-regionais. Quanto mais ao norte, mais (relativamente) quente e seco; rumo ao sul é mais frio e úmido. O chardonnay do Vale do Yarra é elegante, com sabor de frutas de clima frio e figo. Nas mãos dos melhores produtores, a Pinot Noir, ganha complexidade e sabor de cereja e frutas silvestres. Ambas as uvas são a base de espumantes firmemente estruturados e muito delicados. O vale também origina um ótimo Cabernet Sauvignon, de tanino fino e bom envelhecimento, e o Shiraz dos melhores locais é firme e elegante.
Bendigo e Heathcote
Em 1864 havia mais de 40 vinhedos em Bendigo. efeito da corrida do ouro, mas em 1893 o fim já estava se aproximando com a chegada da filoxera. No início da década de 70, Bendigo e sua vizinha em expansão, Heathcote, se reinventaram e redescobriram sua capacidade de produzir bom vinho. Os carros-chefe são Cabernet Sauvignon, Shiraz e Chardonnay. Os tintos são fortes e firmes, com taninos vigorosos. Onde há quartzo (misturado a ouro), os vinhos ganham uma qualidade mineral. O chardonnay é cálido e arredondado.
Vale do Goulburn
As principais uvas do Vale de Rhône, na França, além dos baluartes do Vale de Goulburn, na Austrália são: Viognier, Marsanne, Roussanne, Shiraz e Mourvèdre. A Shiraz é cultivada nesta área desde a década de 1860; a Marsanne desde a de 1930; as outras cepas robustas ideias para este clima chegaram depois. Os vinhedos seguem o curso do rio Goulburn pelo interior duro e árido, onde a irrigação é fundamental. As primeiras vinícolas se instalaram perto do rio em Nagambie, que também possui um bom sistema lacustre. Dois dos maiores produtores, a Tahbilk Wines e a Mitchelton Wines, acreditam que o lago próximo modere a temperatura e favoreça a viticultura. O sabor da Shiraz e da Cabernet é bem diferente nessa área: rústico, achocolatado, polvoroso, com frutas vermelhas e cheiro de terra queimada.
Nordeste de Victoria
Os vinhos brancos dessa área são como a entrada antes do prato principal: de fruta forte, tanino soberbo e álcool potente de Shiraz, Cabernet Sauvignon e Durif ( a Petite Shiraz californiana), a especialidade regional. Originária do Vale do Rhône, a Durif é ali cultivada há décadas e produz um vinho muito tânico, nervoso e condimentado.
Centrada em Rutherglen, essa área tem clima quente, ideal para vinhos tintos cálidos e fortificados excepcionais. O muscat Blanc à Petits Grains e o Tokay (Muscadelle) são considerados os vinhos de sobremesa mais concentrados e sensuais do mundo. O sistema de classificação divide os vinhos de Rutherglen nos níveis de qualidade crescente Rutherglen Classic, Grand e Rare.
Geelong
Sempre será lembrada na Austrália como a porta de entrada da filoxera, que foi identificada em 1875 e liquidou a viticultura dessa área ao fim de 1882. Em 1966, a vinicultura tinha renascido com a chegada do dr. Daryl, um cirurgião veterinário, e do dr. Sefton, cujos bisavós foram membros da comunidade suiça que originalmente transformara Geelong num importante distrito vitivinícola. Até hoje o risco da filoxera é real, mas a maioria dos vinhedos emprega procedimentos de quarentena e raizames resistentes para controlá-lo.
A ênfase atual está nos tintos: Shiraz e Pinot Noir disputam atenção. A quente área de Anakie, no interior, é propícia a um Shiraz generoso, enquanto a Península de Bellarine, mais fria e com influência marítima, tem explorado a Pinot Noir e a Chardonnay. Entre essas áreas fica Bannockburn, que cria um Pinot Noit muito particular, complexo e com sabor de caça.
Principais produtores de Victoria e Tasmânia
Zilzie Wines (Noroeste de Victoria)
A família Forbes entrou na vinicultura em 1999 e hoje possui as maiores fazendas vitícolas da região. A seleção Zilzie Wines inclui o Premium, o Show Reserve e o mais atraente: Buloke Reserve.
Em 2002, deu um golpe de marketing ao assinar contrato com o ídolo de críquete Shane Warne, que deu nome a um Chardonnay e a um Cabernet Merlot-Petit Verdot, ambos com preços acessíveis e fáceis de beber.
Mount Langi Ghiran Wines (Grampians)
O vinicultor Trevor Mast cria um excelente exemplar de Shiraz australiano: de médio corpo, límpido e elegante. Mast possui muita influência na promoção de mínima intervenção química no vinhedo e de cepas italianas, como a Pinot Grigio. Sua formação na Alemanha o fez um exímio produtor de Riesling aromático. Ele também conquistou o interesse da vinícola do Vale do Rhône Chapoutier com a qual está desenvolvendo a Shiraz.
Seppelt Great Western (Grampians)
Hans Irvine e Colin Preece foram quem selaram o destino da Seppelt. Irvine preparou a estrutura para a produçao de espumantes na década de 1890 importando enólogos e máquinas de Champagne. Já Preece garantiu a reputaçao da empresa como boa produtora de tintos nos anos 40, com marcas como a Chalambar e a Moyston. Hoje parte do enorme grupo Southcorp, o forte da Seppelt Great Western ainda sao os espumantes, liderados pelo Salinger Sparkling e seu equivalente tinto, o Show Sparkling Shiraz. Há também vinhos convencionais à base de Shiraz. O Chalambar é um tinto para o dia a dia e o St Peters Shiraz é o melhor tinto da regiao.
Os pontos fortes da vinícola sao Cabernet Sauvignon, Shiraz e Pinot Noir, mas foi o Chardonnay que atraiu a Dalwhinnie. O excelente local a 670m de altitude permite aos proprietários, Jenny e David Jones, produzir uvas de clima quente e frio. David cuida pessoalmente da Pinot Noir e da Shiraz, e prefere os métodos intensivos de inspiraçao francesa, que originam sabores mais complexos. Seu Eagle Series Shiraz, muito concentrado e de alto nível é um dos tintos mais caros do estado.
Redbank Winery (Pyrenees)
O vinho tinto Sally’s PADDOCK é a quintessência de Victoria. ”Sally” é a esposa do proprietario Neill Robb, e ”paddock” é o vinhedo de 4ha onde ele cultiva 5 cepas tintas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Malbec e Shiraz. Dependendo do ano , todas ou algumas sao usadas para fazer esse corte elegante. A vinificaçao é de baixa tecnologia e retém um caráter terroso que torna seus vinhos originais e populares. Em 2005, os Robbs venderam a marca Redbank para a Yalumba que, sob o nome Redbank Victoria, utilizava uvas do Vale do King.
Brown Brothers Milawa Vineyard
Diga o nome de qualquer uva e essa empresa provavelmente já cultivou. A família Brown adora fazer experiências e é a pioneira a usar cepas europeias da nova tendência, chegando a criar um ”jardim de infância” na vinícola de Milawa nos anos 80 para testar vinhos como o Dolcetto e o Sangiovese italianos, e o Viognier do Rhône. Ainda assim, seu forte são os tintos cálidos e tânicos, e os excelentes fortificados da região Nordeste. No Vale do King, a Brown Brothers explorou com sucesso novos territórios de espumantes e brancos. Em 2003, foram os primeiros vinhos superpremium (tinto, branco e espumante) do vinhedo Patrícia, em Heathcode.
Giaconda Vineyard ( Nordeste de Victoria)
O gênio da vinicultura Rick Kinzbrunner fundou a Gioconda em 1985. Seu aprendizado nos vales de Napa e Somona, na Califórnia, influenciou seus métodos, como o tratamento de leveduras naturais e a fermentação de vinhos naturais e a fermentação de vinhos em barris de carvalho novo. O resultado é um Chardonnay de textura cremosa, um clássico australiano com sabor de nozes assadas, brasa de carvão e frutas de clima frio. A seleção Giaconda inclui Roussanne, Pinot Noir, Shiraz e Cabernet Sauvignon bem elaborados.
Morris Wines (Nordeste de Victoria)
Foi uma das primeiras vinícolas da área fundada pelo inglês George Morris em 1895. A Durif, antiga cepa do Rhône é há muito a especialidade de Rutherglen e da Morris. Os principais Muscats e Tokays (Muscadelles) também são de qualidade, graças a gerações de vinicultores que aprimoraram as matérias-primas. O filho do grande Mick Morris, David está hoje no comando e o clima rural e calmo que ele impõe à propriedade nem faz lembrar que ela é parte – desde 1970 – da grande empresa Orlando Wines.
Chrismont Wines (Vales King & Alpinos)
A empreendedora família Pizzini, descendente dos primeiros imigrantes italianos, possui ali 2 vinícolas: Arnie gerencia a Chrismont, e seu primo Fred, a Pizzini. Ambos fazem milagres nos vinhedos e são intuitivos na vinícola. Arnie é responsável pelo possivelmente melhor Riesling de Victoria na faixa de preço média, e com sua nova seleção em estilo italiano La Zona – Pinot Grigio, Barbera e Marzemino -, ele está entrando no terreno de vinhos de mesa fáceis de beber, com baixo teor alcoólico, muita fruta suave e um toque de adstringência ácida.
Pizzini Wines (Vales King & Alpinos)
Na década de 90, só os vinhos brancos da Pizzini impressionavam. Fred Pizzini precisava apenas de tempo para trabalhar com as cepas da sua Itália natal – tintas, como o Nebbiolo e a Sangiovese, além de brancas diferentes, como a Vernaccia. Ele procura textura, profundidade e complexidade, criando vinhos medianamente encorpados e repletos de fruta. Sua paixão é a Nebbiolo, cuja profundidade oculta ele é o primeiro vinicultor da Austrália a revelar.
Bass Phillip Wines (Gippsland)
Considerado o principal produtor de Pinot Noir da Austrália, Phillip Jones sofreu por sua paixão: viveu acampado enquanto desenvolvia seu vinhedo, 12 anos antes de vender a primeira garrafa. Mas valeu a espera. Seu perfeccionismo exige safras bem baixas (em média uma tonelada de fruta a cada 0,4ha) para concentrar o sabor. Nas suas mãos a Pinot Noir é forte mas de sabor surpreendentemente sutil.
Freycinet Vineyards (Tasmânia)
Geoff Bull sentiu em 1980 que um terreno de 182ha que ele comprara era adequado para vinhas. Plantou uma seleção para confirmar, e quase todas (exceto a Muller Thurgau) tiveram êxito. Seu genro, Claudio Radenti, transformou as uvas nos melhores e mais consistentes vinhos da Tasmânia. O estilo da Freycinet é límpido e fresco, com fruta bem marcada.
Tudo começou no ano de 1985, quando uma importante vinícola da Tasmânia, a Heemskerk, anunciou uma joint venture com a Louis Roederer, de Champagne, para produzir espumantes na Tasmânia, e foi plantado um vinhedo em Pipers Brook. A vinicultora Natalie Fryar se concentra em 3 estilos: o vintage cremoso, lançado após 3 anos de envelhecimento com borra; o corte Chardonnay Pinot Noir não vintage, que lembra sorbet; e um degolado tardiamente, para os que apreciam espumantes ricos e adocicados.
Kreglinger Wine Estates (Tasmânia)
É uma das maiores produtoras da Tasmânia e tem marcas conhecidas, como a Pipers Brook Vineyard (PBV) e a Ninth Island. Comerciante internacional comprou a PBV em 2003, fazendo a PBV tender a estilos borgonheses e alsacianos e aumentando a seleção da Ninth Island, campeã em vendas. As cepas aromáticas como Riesling, Pinot Gris e Gewurztraminer, são vibrantes. Já a Chardonnay e a Pinot Noir são supremamente elegantes. a Kreglinger também tem um espumante hormônico de alto nível.
Stefano Lubiana Wines (Tasmânia)
Fixou-se em Hobart, Tasmânia e alcançou reconhecimento nacional por seu espumante elegante e pelos varietais de Pinot Noir e Chardonnay. Numa das regiões mais frias da Austrália, ele produz frutos incrivelmente maduros, com álcool em potencial de até 14,5% que originam alguns dos vinhos mais complexos da Tasmânia, vendidos sob o rótulo Signature. Todos os vinhos de Lubiana são muito pessoais, sobretudo o Pinot Grigio encorpado laçado em 2000.
Com o falecimento do fundador e vinicultor dr. Bailey Carrodus em 2008, encerra-se uma era para a Yarra Yering, mas há outra a espreita. Carrodus chegou a este vale em 1969 não só para promover a elegância associada à vinicultura de clima frio como para destacar os sabores complexos resultantes do amadurecimento. Seus Dry Red Number One (Cabernet – Malbec – Merlot) e Dry Red Number Two (Shiraz – Viognier) são excelentes, mas não devem ser bebidos jovens. Carrodus causou alvoroço ao lançar o primeiro Merlot australiano por AUS$100.
Crittenden Wines (Península de Mornington)
Nos últimos 25 anos, Garry Crittenden provou que a Peninsula é um local fantástico para a Chardonnay, Pinot Noir e até Cabernet Sauvignon, o que é impressionante nesse clima frio. Ele começou a carreira fundando a Dromana Estate, criando a seleção schinus nos anos 80 e o rótulo ”i”, com vinhos estilo italiano, nos anos 90. Hoje com o filho Rollo, Crittenden administra a Crittenden Wines, com foco em uma forte seleção de representantes da Península e cepas italianas.
Bannockburn Vineyards (Geelong)
Ocupa o centro do palco com o Pinot Noir top de linha na região de Geelong. Primeiro sob o vinicultor Gary Farr e hoje com Michael Glover, a Bannockburn é considerada uma das melhores vinícolas pequenas da Austrália. O Pinot Noir é muito perfumado, com notável sabor condimentados, e o Chardonnay e o Shiraz não devem ser menosprezados.
Foram 20 anos fazendo Pinot Noir e Chardonnay fáceis de beber e a preço baixo, até que a família Browne lançasse os primeiros vinhos de 1 só vinhedo com essas uvas, em 2002. O envelhecimento nunca foi seu forte, mas o vinicultor Robin Brockett criou estilos reserva, de complexidade mais firme, que devem ser mais longevos.
Mount Mary Vineyard (Vale do Yarra)
Os vinhos de Mount Mary oferecem excepcional experiência a quem tem a sorte de conseguir um pouco do mínimo volume produzido. O fundador e vinicultor dr. John Middleton, falecido em 2006, manteve o padrão elevado. Seu Quintet Cabernet (corte de 5 uvas bordalesas tintas) é a joia da coroa, de estrutura clássica e com formidável sabor de cassis, carvalho generoso, mas nunca em demasia, e tanino consistente. Seus rótulos levam vários anos para revelar sua personalidade, estilo que David, filho de Middleton, continua a seguir.
Stonier Wines (Península de Mornington)
Poucos produtores da região podem competir com a Stonier Wines em qualidade e preço. Com invejável histórico, o Chardonnay traz múltiplas camadas, e o Pinot Noir é carnoso com frutas negras, ambos em versões padrão e reserva, e constantemente entre os melhores de Victoria. Não estranha que o vinhedo, montado em 78 pelo editor Brian Stonier, tenha chamado atenção do empresário Brian Croser, da Petaluma, que completou a aquisição amigável em 1998. A Stonier faz parte da Lion Nathan, mas continua dando o tom.
Jasper Hill Vineyard (Bendigo & Heathcode)
Ron Laughton apostou nessa área em 1976 e com apenas 2 tipos de vinho – Riesling e Shiraz – o homem e a região viraram astros. O Georgia’s Paddock Shiraz, ousado e exótico rouba o show; já o refinado Emily’s Paddock Shiraz-Cabernet Franc é mais elegante. A abordagem biodinâmica de Laugton o pôs em contato com o viticultor do Rhône Michel Chapoutier com o qual mantém hoje um vinhedo com clones de Shiraz francesa e australiana.
Wild Duck Creek Estate (Bendigo & Heathcode)
O Duck Muck Shiraz foi um dos responsáveis por uma nova linhagem de vinhos australianos ”cult”, o estilo ”novo clássico”. Grande e ousado , ele tem forte caráter – a começar pelo nome, ”estrume de pato”. Criado por David Duck Anderson, que tem ótimo senso de humor, o Duck Muck pode até ter 17,5% de álcool acompanhado de rajadas de fruta suculenta e carvalho. Seus outros tintos, Shiraz e Cabernet Sauvignon, também são bem elaborados, fortes e muito particulares.
Tahbilk Wines (Vale do Goulburn)
Possui um château à francesa e uma mistura clássica de uvas do Rhône – porém os vinhos são sem dúvida australianos: os tintos são terrosos, com carvalho raramente novo e intrusivo; os brancos em geral não levam madeira e são sutis e convidativos. Há três gerações da família Purbrick, as mudanças são discretas como a transição para um Marsanne mais frutado e o lançamento sem alvoroço, no fim dos anos 90 do atual astro, o Viognier.
Mitchelton Wines (Vale do Goulburn)
Desde sua criação em 1969, a Mitchelton só teve três vinicultores; o último é Ben Haines, escolhido Jovem Vinicultor do Ano de 1998 pela Wine Society. Pertencente à Lion Nathan, gigante do ramo de bebidas, a Mitchelton tem uma forte carteira de vinhos com foco em cepas do Rhône. O Crescent Shiraz-Grenache-Mourvèdre e o Airstrip Marsanne-Viognier-Roussanne são versões contemporâneas desses cortes do Rhône. A Marsanne foi companheira leal por muitos anos, mas agora a vinícola está de olho na Viognier, embora o Shiraz condimentado ainda seja o carro-chefe.
Shiraz Australiana
Um dos tipos de uvas da Austrália que merecem destaque é a uva Shiraz, ela é o símbolo e a grande responsável pelo destaque dos vinhos australianos. A uva Shiraz é um dos tipos mais antigos de uva que existem, não se sabe ao certo de onde ela surgiu, mas muitos especulam que ela veio da cidade de Siracusa na Itália, ou da antiga Persa hoje conhecido como Irã. E que supostamente ela foi do Irã até a França através de cavaleiros que foram para a região por causa das cruzadas.
A Shiraz tem algumas características próprias, ela possui uma tinta de um vermelho bem intenso e vivo, elas não devem ser plantas em um grande volume por hectare, pois isso pode comprometer o seu cultivo. Elas também tendem a maturar tardiamente. Possuem uma facilidade para crescer em praticamente todos os cantos do globo, especialmente aqueles que possuem temperaturas elevadas. Como se tudo isso não fosse um grande benefício, elas ainda são consideravelmente resistentes a pragas e possuem um bom rendimento nas vinícolas de todo o mundo.
Os sabores e acidez das Shiraz variam conforme os locais onde são produzidas, no caso daquelas que são cultivadas na Austrália, elas possuem um cheiro e um sabor igual ao de qualquer outra fruta vermelha, algo como ameixa, cereja ou amora são bem marcantes em seu sabor. Como na Austrália a incidência de luz é maior que em outras regiões, as Shiraz acabam tendo um maior nível de açúcar e assim um menor nível de acidez, quando comparado com as Shiraz que são produzidas na França.
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